Enxovais em ponto cruz e patchwork

quarta-feira, 21 de março de 2012

PARA DESCONTRAIR!




DEFINITIVO - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

 


Definitivo, como tudo o que é simples.


Nossa dor não advém das coisas vividas,


mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.






Sofremos por quê? Porque automaticamente esquecemos


o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções


irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado


do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter


tido junto e não tivemos,por todos os shows e livros e silêncios que


gostaríamos de ter compartilhado,


e não compartilhamos.


Por todos os beijos cancelados, pela eternidade.






Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas


as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um


amigo, para nadar, para namorar.






Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, mas por todos os


momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas


angústias se ela estivesse interessada em nos compreender.






Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada.






Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo


confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam,


todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.






Por que sofremos tanto por amor?


O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma


pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez


companhia por um tempo razoável,um tempo feliz.






Como aliviar a dor do que não foi vivido? A resposta é simples como um


verso:






Se iludindo menos e vivendo mais!!!


A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida


está no amor que não damos, nas forças que não usamos,


na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do


sofrimento,perdemos também a felicidade.






A dor é inevitável.


O sofrimento é opcional...






Carlos Drummond de Andrade

http://pensador.uol.com.br/autor/carlos_drummond_de_andrade/2/



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